Segundo A Sociedade Portuguesa De Gastrenterologia, 1 Em Cada 3 Portugueses
É Intolerante À Lactose

Saiba mais sobre esta intolerância alimentar e como ajudar os seus utentes

O que é a intolerância à lactose e quais os sintomas?

Quando isto acontece, os utentes apresentam um ou vários sintomas gastrointestinais, após o consumo de produtos que contenham lactose na sua composição:

Dor e/ou inchaço abdominal

Borborigmos

Flatulência

Náuseas e/ou Vómitos

Diarreia osmótica

Etiologia da
intolerância à
lactose

A deficiência de enzima lactase é a responsável pela falha que o intestino delgado manifesta em hidrolisar a lactose. Esta deficiência pode ser de quatro tipos:

Também designado por não-persistência de lactase, é o tipo de intolerância à lactose mais comum, estimando-se que afete 70% da população, a nível mundial.

A grande maioria dos seres humanos nasce com capacidade total para digerir a lactose, essencial durante o período de amamentação. Porém, essa faculdade vai naturalmente diminuindo, entre os 2 e os 12 anos de idade, formando-se dois grupos: os indivíduos com hipolactasia (a maioria) e os indivíduos com persistência de lactase, ou seja, que mantêm a sua capacidade de digerir a lactose durante a idade adulta.

Quando a redução da atividade de lactase é assintomática, estamos perante uma má digestão da lactose.

Nos casos em que os indivíduos manifestam sintomas gastrointestinais após a ingestão de lactose, a intolerância à lactose é diagnosticada.

É um tipo temporário de intolerância à lactose, geralmente causado por condições infecciosas, inflamatórias ou quaisquer outras doenças que provoquem lesões na mucosa intestinal (tais como gastroenterites, doença celíaca, doença de Crohn, colite ulcerosa, entre outras). Essas mesmas lesões podem também ser provocadas por tratamentos de quimioterapia ou pela toma de certos antibióticos.
É uma condição genética extremamente rara no mundo, em que o bebé nasce com uma ausência total ou parcial de atividade de lactase. Os sintomas manifestam-se logo após a(s) primeira(s) exposição/ões do recém-nascido ao leite.

É um tipo de intolerância à lactose específico dos bebés prematuros, nascidos com 28 a 37 semanas de gestação. É causado pelo subdesenvolvimento do intestino do bebé, que resulta na incapacidade de hidrolizar a lactose.

À medida que a idade avança e o intestino termina o seu desenvolvimento, surge uma adequada atividade de lactase.

Metabolismo de digestão da lactose

Em caso de intolerância à lactose, quando o utente ingere uma quantidade deste dissacarídeo maior do que a capacidade hidrolítica da lactase disponível, parte da lactose não digerida passa para a corrente sanguínea e é excretada através da urina.

A restante lactose não digerida segue para o intestino grosso, onde ocorrem dois processos:

Processo Físico

As moléculas de lactose aumentam o conteúdo de partículas do fluido intestinal e, por osmose, mobilizam água dos tecidos para o intestino.

Processo Bioquímico

As bactérias do cólon fermentam a glicose, levando à formação de ácidos orgânicos e dióxido de carbono.

A manifestação de sintomas gastrointestinais de intolerância à lactose pode ocorrer por dois fatores:

BAIXO NÍVEL DE
LACTASE

Ingestão De Uma Quantidade
De Lactose Anormalmente
Elevada

Como diagnosticar
intolerância à lactose?

O histórico alimentar do indivíduo é o elemento-chave para iniciar o diagnóstico da intolerância à lactose: quando são relatados sintomas gastrointestinais frequentes, é necessário perceber se poderão ser os laticínios a causa desses sintomas.

Em caso afirmativo, deverá incentivar-se o utente a fazer uma dieta de exclusão-reintrodução de lactose:
Caso os sintomas retornem após este teste, poderemos estar perante um indivíduo intolerante à lactose.
Se desejar confirmar o diagnóstico, poderá recorrer aos seguintes testes médicos:

Teste de
Hidrogénio

Teste de acidez
das fezes

Teste de tolerância
ao leite

Teste de intolerância à lactose
(medição sérica de glucose)

Biopsia ao intestino delgado
(invasivo)

Genotipagem

Tratamento/ Gestão

Não exitistindo tratamento para a intolerância à lactose, o utente deve ser aconselhado a seguir uma dieta restrita em lactose, isto é, com uma ingestão diária de lactose igual ou inferior à que o seu organismo conseguir tolerar*.

Além disso, o utente deverá ser informado da existência de suplementos alimentares de enzima lactase, como é o caso de Lisolac®, que pode tomar antes da ingestão de alimentos com lactose, de modo a facilitar a digestão desta molécula. A hidrólise da lactose proporcionada por estes suplementos está comprovada pela European Food Safety Authority, que considera este um efeito benéfico para a saúde das pessoas com intolerância à lactose.

*Segundo a European Food Safety Authority, a maioria dos indivíduos com intolerância à lactose consegue digerir adequadamente até 12 gramas de lactose sem manifestar sintomas gastrointestinais.

Que conselhos dar
aos utentes?

Não retirar por completo os laticínios da alimentação, mas sim ajustar a quantidade à sua capacidade de digestão

Substituir as versões tradicionais dos laticínios pelos seus equivalentes sem lactose

Compensar a eventual diminuição da quantidade de lacticínios na dieta com a ingestão de outros alimentos ricos em cálcio

Ler atentamente os rótulos dos produtos, de modo a identificar a presença de lactose

Tomar suplementos alimentares de enzima lactase (por exemplo Lisolac®) antes da ingestão de produtos com lactose, de modo a facilitar a sua digestão

Visitar intoleranciaalactose.pt para obter informações úteis

Fontes:

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Mattar R, de Campos Mazo DF, Carrilho FJ. Lactose intolerance: diagnosis, genetic, and clinical factors. Clinical and Experimental Gastroenterology [Internet]. 5 de julho de 2012 [citado 15 de março de 2021];5:113–21. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/22826639/

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Estimando-se que 1 em cada 3 pessoas, em Portugal, seja intolerante à lactose, “Intolerância à Lactose” nasce para facilitar o dia a dia de quem lida com esta intolerância.

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